Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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sábado, 20 de agosto de 2011

VOCÊ ACREDITA EM VIDA DEPOIS DA MORTE?

Você acredita em vida depois da morte? Poderia haver uma outra existência após esta sobre a face da Terra? Quem nos poderia responder? Os cientistas? Não: esses são extremamente incrédulos e normalmente não se ocupam com tal questão. Assim, não nos resta alternativa senão atentar para a versão, ou melhor, as versões dos religiosos.

Sim, porque há tantas versões quanto há religiões neste nosso mundo, e estas, as religiões, se atribuem a condição de donas da verdade, a única verdade, que, devido à diversidade de seitas e doutrinas religiosas, multiplica-se em inúmeras únicas verdades.

Há os reencarnacionistas, os antirreencarnacionistas ferrenhos, os do primeiro grupo que acham que a gente vai evoluindo de forma para forma de vida, começando o ciclo de reencarnações como seres extremamente rudimentares, tais como micróbios ou algo superior, para atingir em estágios mais avançados a condição de seres humanos e até quem sabe algo mais avançado que porventura possa existir. Ainda sobre o primeiro grupo, há uma corrente que acha que quem encarna a primeira vez humano, reencarnará sempre e sempre humano, mesmo na última de toda a sua série de existências, e que quem nasce a primeira vez como cachorro, jamais virá ao mundo como outro ser. Ou seja, uma vez gente, as vidas inteiras gente, uma vez cachorro, sempre cachorro.

Quero me ater inicialmente aos que não creem em reencarnações, como os católicos e os protestantes, que acham que a alma, após a morte do corpo, tem um outro caminho: o Céu ou o Inferno. Quem teria acesso ao Céu? Quais seriam os requisitos para atingi-lo? Se bondade fosse o fator mais importante, uma legião de padres, pastores e carolas já estariam descartados, porque a Igreja Católica, assim como as protestantes, tem uma ala conservadora bastante numerosa e significativa: padres, pastores e membros que não estão nem aí para a pobreza, a miséria, a indigência e outras mazelas sociais, e não são por isto exatamente bondosos. Isto sem contar a incidência de homens maus e/ou desonestos entre esses lpideres espirituais. A não ser que os critérios de avaliação sejam totalmente diversos, sendo por exemplo preponderantes fatores como devoção, assiduidade às missas ou cultos, adulação aos santos e a Deus no catolicismo, somente a Deus no protestantismo. Mas se os critérios forem mais justos, que uma boa parte dessa gente não vai pro Céu, não vai.

Imagine o Fernando Henrique diante de Deus, tentando de modo vão justificar os seus pecados:

--Mas, Excelência...

--Excelência não, Fernando: não sou político como tu...

--Desculpe, Senhor...

--Cuida de tratar-me na segunda pessoa do plural.

--Desculpai-me, Senhor, mas é que eu nem acreditava que existíeis...

--Por isto mesmo – replicaria Deus com sua voz ecoante – já és um potencial pecador. Como queres vir para o Céu?

--Senhor, eu apenas procurei fazer o meu trabalho da melhor maneira possível...

--Mentindo para o povo? –seguiria a retrucar o todo-poderoso – Prometendo-lhe comida farta, casa, saúde, trabalho e não lhe dando nada disto? Enganando-o? Ao invés de dar-lhe mais, tirando-lhe o tão pouco que ele já tinha? Não te sensibilizaste com a fome, a miséria, as crianças morrendo à míngua, os homens sem terra para plantar e sem pão para comer: como queres então entrar aqui?

“Mais ainda, Fernando: eu te condeno não só por tua maldade, mas também porque tu, em inúmeras oportunidades, debochaste de forma vil e barata daqueles que fizeste sofrer, em entrevistas que deste à televisão. Ora, eu não perdoo o sarcasmo barato, sobretudo vindo de ti, a quem dei o acesso à condição de intelectual. Ah, Fernando! Nem irônico tu conseguias ser? Sendo assim, eu te condeno ao fogo eterno do Inferno, por incredulidade quanto ao teu Senhor, maldade para  o teu próximo menos abastado... e pelo teu rasteiro escárnio. Ah, Fernando...! Nem irônico tu conseguias ser?”

Agora, se a gente se ativer aos que creem em sucessivas reencarnações, imagina assim o julgamento de certos caciques políticos:

--Excelência...!

--Que Excelência o quê, Agripino! Vocês políticos têm cada mania!

--Perdoai, Senhor...

--Trate-me por favor por Senhor, entretanto sem essa frescura de me chamar de Vós, que é tratamento de quem quer bajular.

--Tá bom, Senhor, mas o que eu quero dizer é que eu sempre fui devoto, sempre fui às missas...

--Isso para mim não tem importância, em nada o ajuda, Agripino. O que importa é que você não ajudou seus semelhantes, mas muito os subjugou, sempre votou e agiu contra os pobres, os fracos, os desempregados. Quantos pais de família você deixou sem emprego, quantas crianças você condenou a um futuro de privações e pobreza, quanta gente tu ajudaste a matar de fome com tua postura no plenário! Não, gripino, você não conseguiu entender nada do que eu queria, nem qual seria a sua real missão na Terra, não há como evitar que você passe decênios em regiões umbralinas, não há como não deixar que padeça pelos erros que cometeu. E, se  quer um conselho de quem lhe quer bem, resigne-se ante o próprio sofrimento, ore bastante para mim, procure imbuir-se de bondade para ter uma chance de reencarnar como mendigo e assim poder expiar parte de seus pecados.

E na versão dos que acham que evoluímos ou involuímos quanto à forma de vida em que nascemos? Nela Deus já volta a ser formal na sua linguagem:

--Não, Dilma e Lula, vós não tendes o direito a me pedir clemência. Enganastes o povo com vossas bolsas inúteis, que são esmolas e não investimento em bem-estar social, com o fito único de permanecerdes  no poder.  Enganastes criaturas a que dei vida, fizestes que se sentissem remediadas quando  apenas as enganáveis, pois continuaram elas miseráveis e ignaras...Logo vós(!), que vos dissestes devotados à questão social!  Não, pecadores, não sois criaturas perdoáveis; e, como punição, farei que reencarneis ignaros e estúpidos: por isto nascerão como bactérias.

Agora, quando me perco nessas especulações, fico imaginando se o outro mundo também tem lá seus lobistas, seus jeitinhos e seus arranjos. Imagine se um santarrão daqueles(um santo no catolicismo, um anjo no protestantismo, um espírito no espiritismo) de bastante prestígio e excelente trânsito no divino gabinete resolve chegar para Deus e interceder:

--Ora, Senhor, apesar dos pesares o Agripino é um bom sujeito. È arrogante, sim, mas quem não é? Tem lá suas indiferenças e seu desprezo aos pobres, também não nego que suas injustiças, mas não seria injusto que ele reencarnasse imediatamente, só que desta vez como um político afeito às causas do povo.

Ou então:

--Não tiro vossa razão, sei que o Lula e a Dilma são embusteiros e abusaram da ignorância alheia, mas não vos pareceria exequível que voltassem pelo menos macacos?

Ou , ainda, por fim:

--Senhor, não vos agasteis com a falta de talento do Fernando para a ironia. Sei que ele foi mau, egoísta, insensível e nunca amou o próprio semelhante. Não tenho dúvidas de que uma alma tão mesquinha jamais poderia adentrar o Céu. Mas ele é extremamente culto, inteligente e vem de uma casta privilegiada: não vos seria então possível destinar-lhe o Purgatório?

E a burocracia espiritual? Haverá burocracia no mundo dos mortos? Imagine , se houver, como será terrível. Aquela fila incomensurável, funcionários públicos espirituais mal-humorados, os espíritos por serem julgados aguardando com impaciência a chamada por seus números.

--3.687.654.863!... --não tendo o espírito chamado conseguido ouvir, o funcionário repetiria: --3.687.654.863! – uma espera de uns três segundos e a resolução do apregoador: -- Droga! Vou chamar outro: 3.687.654.864!...


2001

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