Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O NOVO SEMPRE VEM... MAS NEM SEMPRE É O MELHOR

Há pessoas que têm uma  idéia preconcebida de que tudo o que é novo  é melhor  do que aquilo que o antecede.  E ficam por aí propalando que fulano, por ser mais recente, é melhor do que beltrano, e tal gênero artístico, por ser uma novidade, supera largamente gêneros anteriores.   Isto é, sem nenhuma dúvida, de uma burrice sem tamanho.  
Posso até concordar que em matéria de tecnologia este tipo de pensamento espelhe quase que sempre (ou sempre mesmo) a verdade, porque a gente evoluiu da radioscopia para a ultrassonografia, a tomografia, a ressonância, etc... e do gramofone prá vitrola, da vitrola pro três-em-um, do três-em-um pro CD (que é magnificamente bom), e do videocasste pro DVD, que é perfeito, e vai tecnologia por aí adiante.
Dentro das artes, no entanto, a coisa não é bem assim. No caso da poesia, por exemplo, sou de uma geração nascida dentro do modernismo, o modernismo com os seus versos brancos e livres,  mas não por isto (ou por qualquer outro motivo) superior ao parnasianismo.  O romance realista é mais dinâmico e mais despojado do que o romântico, mas não necessariamente de maior quilate. Não há uma relação de inferioridade ou superioridade entre um movimento e outro, mas uma praticidade maior em se trabalhar dentro do estilo atual, onde se pode ser mais direto e objetivo - só isto!   Na música também há ritmos que soam melhor aos meus ouvidos, com instrumentais mais adequados aos consumidos na minha época, mas não há uma sobrepujança do samba-canção do Tom em relação ao samba-canção do Noel, ou uma superioridade de um outro qualquer ritmo quanto a outro.
Esse negócio de dizer que o novo é sempre melhor do que o antigo é muito perigoso.   O neoliberalismo, que é um sistema indubitavelmente fomentador de miséria, traz consigo o prefixo neo, que é aparentemente positivo, mas na prática se mostra um grande devastador de sociedades e camadas sociais que não as privilegiadas, concentrando renda e disseminando fome.  Em 1989 Collor era o novo e a sua eleição deu em PC Farias, a turma da Casa da Dinda, a república das Alagoas e outras coisas mais.  Foi bom? Era o que tinha de melhor? 
Onde o novo é o melhor, se pouco ou quase nada há de mais novo do que esse "funk" que os caras ficam por aí ouvindo como a uma música digna do nome.  Existe ali riqueza instrumental, poesia, recursos vocais, melodia bem elaborada, algo que mereça ser ouvido?  Pois é! No entanto é o novo, não é?  E quanto ao cinema? "O Poderoso Chefão" deixou de ser uma obra-prima só porque é antigo? 
Vamos parar com essa besteira!  Eu tenho mais de cinquenta anos e não tô aqui pra ficar renegando tudo o que é novo.  Mas é preciso refletir antes de avaliar, não sair repetindo o que esse ou aquele cara dizem.  É lógico que no campo das artes, das ciências, da política e em outros inúmeros setores o novo é em incalculáveis vezes o que há de maior  qualidade, mas há também incontáveis situações em que  não consegue suplantar nem de longe o que o antecede.   O melhor é sempre o melhor, e isto não está intrinsecamente ligado ao fato de ser novo ou ser antigo.
É bom que parem com isso.  Antes de opinar é preciso pensar.

2011

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