Base alidada é um grupo de políticos de conduta duvidosa que se une para endossar as ações de um governo, ao invés de limitar os poderes do executivo às devidas raias da democracia. O legislativo existe para pôr em debate as idéias e os desmandos do executivo, não para acatá-los incondicionalmente, fazendo de conta que todo projeto do governo é sábio e justo e por conseguinte não passível de contestação, acima de qualquer discussão ou questionamento - ou seja, uma aliança onde os mandatários são o supra-sumo da sabedoria, e a sociedade, um bando de imbecis.
Não se poderia esperar da grande imprensa posicionamento que não fosse o de legitimar a prática do tal jogo sujo. Até porque, para conhecer bem o que é a grande imprensa, é bastante lembrar-se de que esta, no regime sangrento dos generais, sempre esteve ao lado do poder, assim como hoje está e sempre esteve ao lado dos poderosos civis. A mídia é o departamento de comunicação social de qualquer governo ou sistema. Ela faz a puta dentro desse contexto que aí vemos, assim como sempre foi a puta em todos os momentos da nossa história. Tal como mulher de programa, que se esmera em afagos ao homem com dinheiro a brotar dos bolsos e se repugna em desprezo ao que tem a carteira vazia, os veículos de comunicação atacam ou depreciam os que caem em desgraça e bajulam os poderosos para garantir também para si as benesses que o poder sempre distribui a quem lhe pode dar alguma coisa em troca.
No final das contas, o que há no Brasil é um golpe branco, um governo absoluto alicerçado num congresso sem objetivos, uma ditadura disfarçada de regime democrático e endossada pelos parlamentares, onde qualquer forma de contestação é neutralizada pela famigerada base e o governo estaria disposto a colocar seus meganhas nas ruas no caso de ter os seus interesses seriamente contrariados.
Não é à toa que vivo repetindo que não creio nesse embuste de democracia, porque não há governante nem sistema com pendores de democrata e a banda tocaria bem diferente se ele, o sistema, tivesse muitos contestadores. Se tivéssemos uma sociedade desperta, talvez tudo transcorresse de maneira bastante diferente e aí sim os políticos cumprissem seu real papel.
2012
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